No novo episódio do podcast das EconomistAs, Paula Pereda e Laura Karpuska entrevistam Joana Monteiro, graduada pela UFRJ, e mestre e doutora em economia pela PUC-Rio. Joana Monteiro é professora da EBAPE-FGV e coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança da FGV. Além disso, ela já foi Diretora-Presidente do Instituto de Segurança Pública e coordenadora no Centro de Pesquisa no Ministério Público.
Joana conta que foi no Doutorado que passou a pesquisar no tema de segurança. Em um de seus estudos para a tese de doutorado ela mediu impacto de segurança em educação através de dados do disque-denúncia. Ela explica que sua motivação para estudar segurança está muito ligada à sua experiência pessoal. Tendo crescido próxima a uma região controlada por facção de drogas no Rio de Janeiro, Joana sabia que os picos de violência ocorriam durante disputas de facções pelo território ou durante incursões policiais, eventos exógenos as variáveis de educação estudadas. Joana relata que o desempenho de alunos que vivem em favelas dominadas pelo crime organizado cai nas provas de matemática em anos que a área está sendo disputada, havendo mais tempo de escolas fechadas, rotatividade de diretores e mais professores pedindo licença médica.
Joana também conversou sobre sua experiência no Instituto de Segurança Pública, e como isso lhe trouxe um conhecimento institucional que afetou sua forma de olhar os dados, e lhe trouxe novas perguntas. Ela conta que esse arcabouço mais aprofundado é importante para proposição de ideias, desenhos de mecanismos e implementação de políticas. Joana responde ainda que um dos fatores mais importantes para aliar o interesse dos acadêmicos com o dos gestores públicos é uma boa comunicação, com o alinhamento da linguagem e dos objetivos entre as partes.
Joana também contou sobre um estudo seu de concentração de crimes nas sete cidades mais populosas do Rio de Janeiro. Ela explica que na literatura internacional havia evidência de que uma pequena parcela de microlocais (segmentos de rua referentes a uma quadra) concentravam uma quantidade desproporcional de crimes, tal que 50% do crime está tipicamente entre 4% e 6% dos segmentos de rua. O estudo de Joana mostrou que para as cidades do Rio de Janeiro estudadas essa “lei de concentração” se mantinha, algo que surpreendeu pessoas céticas de que os achados de evidências externas seriam aplicáveis à realidade do Rio de Janeiro.
Por fim, Joana deixa um recado para as jovens economistas: buscar o impacto efetivo das suas ações, ainda que envolva revisões de rota.