No novo episódio do podcast das EconomistAs, Laura Karpuska e Maria Dolores Diaz entrevistam Priscilla Tavares, graduada e mestre em economia pela USP, e doutora pela FGV-EESP. Priscilla é Professora na FGV-EESP e pesquisadora de economia da educação. Além disso, ela já foi consultora técnica na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, consultora para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Banco Mundial, UNESCO, e Ministério da Educação.
Priscilla conta que teve uma trajetória relativamente linear, mas influenciada por outras mulheres da área: já no primeiro ano de graduação se envolveu em projeto de Iniciação Científica na FEA-RP/USP, e teve a Professora Elaine Pazello como orientadora de graduação. Essas experiências a fizeram perceber que para continuar a fazer pesquisa, precisava seguir para o Mestrado, o qual faz na FEA-USP. Antes de ingressar no Doutorado, atua na Secretaria de Educação estadual, onde trabalha na política de introdução de bônus para professores. Essa experiência lhe faz enxergar o trabalho acadêmico de uma nova forma e desperta nela o interesse em pesquisas de aprimoramento de gestão educacional. Com isso, quando ao iniciar o Doutorado já estuda economia da educação.
Priscilla comenta sobre achados de artigos recentes na literatura. Ela aponta que em países em desenvolvimento, como o Brasil, falta uma cultura de estabelecimento de metas objetivas e factíveis, monitoramento de resultados e recompensas ao desempenho na área educacional. Priscilla conta que em artigo seu usando microdados do Censo Escolar e da Prova Brasil para estudar desigualdade de oportunidades na educação, 10% a 23% da desigualdade atribuída ao perfil do aluno pode ser influenciada por políticas educacionais. Com relação aos impactos da pandemia sobre desigualdades na educação, Priscilla acredita que os efeitos negativos serão piores entre as crianças e adolescentes mais pobres e vulneráveis, com piores condições para acompanhamento de aulas remotas. A Professora ainda fala que essas dificuldades podem ocasionar uma maior taxa de evasão escolar trazendo também consequências posteriores sobre o mercado de trabalho.
Além disso, Priscilla conversa sobre pesquisas relacionadas a gestão escolar, e sobre o uso do método PBL (aprendizado baseado em problemas). Ela aponta que já há evidências que aprimoramento de práticas de gestão escolar podem afetar resultados educacionais. Ela explica que intervenções neste sentido não precisam necessariamente de mais recursos, apenas uma melhora na lógica de alocação dos mesmos. Já sobre a implementação de diferentes abordagens pedagógicas, ela considera importante que gestores estejam abertos a consideração, principalmente no Ensino Médio, onde é encontrado no Brasil um problema de falta de motivação dos estudantes.