Neste episódio do podcast das Economistas, Paula Pereda e Laura Karpuska conversam com a economista Sandra Rios sobre a carta que ficou conhecida como a “Carta dos Economistas”. A carta foi um documento aberto à sociedade que uniu economistas de diversas áreas de atuação para cobrar dos governos medidas efetivas no combate à pandemia da COVID-19. A entrevistada, Sandra Rios, é mestre em economia pela PUC-Rio, diretora do CINDES (Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento), sócia da Ecostrat Consultores, professora de Política Comercial na PUC-Rio e consultora da CNI (Confederação Nacional da Indútria).
Sandra conta que a ideia da carta surgiu num grupo de WhatsApp que conta com mais de 200 economistas. O grupo já era previamente usado para discussões, formulação e veiculação de ideias para política pública. A percepção de ausência de políticas efetivas e um sentimento de angústia crescente nos últimos meses relacionado a pandemia levaram a proposição de que formulassem um documento com o olhar dos economistas sobre o problema. A motivação fundamental era, portanto, mostrar a preocupação com os rumos do combate à pandemia e atacar a ideia de que haveria um trade-off entre recuperação da economia e preservação da vida.
Sandra destacou os principais pontos da carta como sendo apontar um diagnóstico da situação e apresentar uma agenda mínima de medidas exequíveis de combate a pandemia. Sobre o diagnóstico, buscaram deixar claro que um dilema entre salvar vidas ou a economia é falso, pois domar a pandemia se trata de uma condição necessária para a recuperação econômica. Além disso, com relação aos recursos, Sandra aponta que os gastos em 2020 com medidas ineficazes, ineficientes ou mal desenhadas não são comparáveis com os custos necessários para vacinação, oferecimento de máscaras aos mais vulneráveis e de um auxílio emergencial para um período de transição até termos um índice de vacinação que permita reduzir a curva de contágio. Ainda nas medidas recomendadas, uma agenda mínima deveria contar com aceleração do ritmo da vacinação, incentivo ao uso de máscaras, uma atenção para a inevitabilidade de ações de distanciamento social e necessidade de coordenação nacional.
A economista detalha mais sobre ser falso um dilema entre vida e economia. Ela argumenta que pelo próprio instinto de autopreservação dos consumidores, estes se retraem em termos de exposição e consumo conforme há elevado número de contaminações e óbitos. Além disso, a evidência internacional apontou que um pior desempenho econômico está relacionado a um maior número de óbitos.
Ainda, Sandra conta que o mau desenho e mau uso de recursos foi lido como culpa do negacionismo de governos. Ponto este que levou ao atraso de medidas essenciais como a compra de vacinas antecipadamente, além da ausência de campanhas oficiais pelo uso de máscara e dificuldades no desenho do auxílio emergencial.
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